Trigo e Café, na mesa conosco, saborosos e domesticados

 

O trigo domesticou a humanidade, tornou os homo sapiens sedentários e possibilitou o surgimento das primeiras cidades, como grandes assentamentos de pessoas dedicadas ao cultivo do trigo e processamento da preciosa farinha.

Bem lá atrás, há cerca de 12 mil anos, os homens deixaram de ser coletores/caçadores para serem agricultores, o que os historiadores chamam de revolução agrícola, ocorrida após a última era glacial, ocorrência de muita chuva e surgimento das gramíneas, entre elas o trigo.

O trigo chegou até aqui ocupando uma área total de cultivo no mundo da ordem de 2,5 milhões de quilômetros quadrados, alguma coisa como nove vezes o território do estado de São Paulo. E é responsável pelo consumo de 15 por cento do valor calórico da humanidade.

Segundo o historiador Yuval Noah Harari, best seller com seu livro “Sapiens, uma breve história da humanidade”, a palavra domesticar vem do latim, domus, casa. E ele pergunta: quem ficou em casa para cuidar da plantação, colheita e processamento do trigo, deixando de ser caçador/coletor, para virar agricultor? Foi o homem, não o trigo.

A história mostra a importância da farinha na transformação da sociedade e sua alimentação, com a farinha de trigo hoje onipresente em nossas vidas nos pães, bolos, massas, doces, uma infindável lista de alimentos processados.

O trigo é plantado para ser transformado em farinha, tem um ciclo curto de crescimento, poucos meses, e depois de colhido, nova plantação, novo processo. O café é uma planta perece, em três, quatro anos já está produzindo e depois chega aos 100 anos com facilidade.

O coffea arabica não tem essa história toda. Talvez uns mil anos, desde a Etiópia, na África, até 1724, quando foi contrabandeado da Guiana francesa para o estado do Pará, pelo sargento Palheta.

O Brasil se tornou o maior produtor mundial, dando enorme contribuição para que a bebida mais consumida no mundo também tivesse uma história marcante, apesar de ser uma criancinha, mil anos apenas, frente aos 12 mil, quase 18 mil anos do trigo selvagem.

E nesses anos todos a fruta do coffea arabica só forneceu seus grãos para a famosa bebida, desperdiçando polpa e casca, metade da fruta em relação ao seu peso.

Polpa e casca que agora vão virar farinha, mais nutritiva até do que a farinha de trigo. E como o patriarca longevo, transformar-se em importante matéria prima para a fabricação de pães, bolos, doces e massas, tão gostosos quanto, e mais nutritivos com certeza.

A farinha de café cereja inventada pelos americanos e em oferta há seis anos nos Estados Unidos, tem mais ferro do que o espinafre, mais potássio do que a banana, mais proteína do que a couve fresca, mais antioxidante do que a romã e mais fibra por grama do que a farinha de trigo integral.

Esta farinha obtida do excedente de polpa e casca da fruta de café cereja descascado também foi conseguida em Minas Gerais, em processo criado por pesquisadores da área cafeeira da Embrapa Café, Epamig e Universidade Federal de Viçosa. Em breve vai estar no mercado brasileiro.


2 comentários:

  1. Que venha rápido !
    Amo café e farinha, aquela de pau.
    Agora, mineiramente pergunto :
    - Tal "processo" "desenvolvido" pela Epamig/UFV, demanda "industrialização"
    ou pode ser em nível da agricultura familiar (?)
    Obrigado pelo esclarecimento.
    (a,) s.vondrae@hotmail.com

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    1. Até agora, aqui em Minas, o processo foi artesanal, nem podemos dizer familiar, porque desenvolvido em apenas duas fazendas, aqui no Paiol, Três Corações, e no Espírito Santo. O processo familiar está descrito no e-book COMER CAFÉ, disponível para comprar na amazon.com.br.

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