Comer Café, a nova maneira de degustar o delicioso arábica, o nosso energético do dia a dia

 

O café tem acordado a humanidade há mil anos. É gostoso e traz energia.

Este projeto COMER CAFÉ, a nova maneira de degustar o arábica que Eustáquio Augusto dos Santos e Elisabeth Andrade Figueiredo Santos trouxemos até aqui tem nos acordado há 4 anos ininterruptos com a energia suficiente para agora, com os gosto suave na boca e uma agradável sensação de dever cumprido, entregarmos aos cafeicultores, e aos consumidores, dois produtos únicos, relevantes, saudáveis e economicamente sustentáveis.

A farinha da casca de café cereja maduro e a KombuCafé, a bebida probiótica de efeitos benéficos para o corpo humano.

A partir de agora o fruto de café cereja poderá ser, finalmente, integralmente aproveitado, os grãos para a mais nobre das bebidas, o café, e a casca com sua polpa, a mucilagem, para ser desidratada e moída para a transformação em farinha, o alimento primário, para a produção de pães, bolos, doces, quitutes variados.

E a mesma casca desidratada pode substituir, com vantagem, as folhas de chá na milenar bebida probiótica chinesa conhecida por kombucha, mas agora denominada por nós com o energético nome de KOMBUCAFÉ, a medida do prazer.

A farinha de casca de café cereja existe no mercado norte-americano há quase 15 anos, como alimento premium e muito utilizada por lá em consórcio com o chocolate.

Chegou ao nosso conhecimento há 4 anos, quando iniciamos nossa “plantação” da ideia de sua utilização por aqui, afinal somos, Minas, o maior produtor de café do mundo.

A partir daí sensibilizamos os pesquisadores Sammy Fernandes Soares, Sérgio Maurício L. Donzeles e Juarez de Souza e Silva que desenvolveram a farinha para consumo humano, na utilização de pães, bolos e doces, e essa inacreditável bebida probiótica KombuCafé.

A KombuCafé é a kombucha de café.

É a nova bebida probiotica criada por pesquisadores mineiros, doutores em instituições de pesquisa do Estado, que substituíram as folhas de chá da kombucha tradicional pelas cascas desidratadas de café cereja maduros.

A kombucha de chá foi criada há 2.200 anos na China.

É uma bebida fermentada refrescante e agridoce preparada geralmente com chá preto açucarado ao qual é adicionada a chamada “mãe da kombucha”, uma película de celulose bacteriana contendo um consórcio simbiótico de bactérias acéticas e leveduras.

Simbiose é uma interação biológica entre dois organismos vivos em um mesmo ambiente, ou com estilos de vida similar. Quando benéfica para ambas as espécies envolvidas, essa relação pode ser chamada de mutualismo, e são vários os exemplos dessa reação na natureza.

Nós humanos somos exemplos de seres vivos que precisam da simbiose com um tipo específico de organismo, ou mais precisamente, de microrganismo. As bactérias presentes no nosso intestino crescem e sobrevivem com base em nutrientes provenientes de nossa alimentação, mas que, sozinhos, não conseguiríamos digerir corretamente. As bactérias se desenvolvem enquanto favorecem nossa saúde.

A kombuCafé tinha mesmo que surgir em Minas, o maior produtor de café do mundo e que joga fora toneladas desta preciosa casca e polpa de café proveniente do processo de despolpamento do fruto do café maduro, antes de ser secado nos terreiros.

Minas cria pão de queijo de café e a bebida probiótica KombuCafé, a kombucha mineira

 

Minas inova e lança produtos inéditos no Brasil: pão de queijo

com farinha de casca de café e a bebida probiótica

KombuCafé, a kombucha fermentada com casca de café cereja

 

Pesquisadores especialistas em café da EPAMIG/EMBRAPA e Universidade Federal de Viçosa – UFV – desenvolveram dois produtos alimentícios únicos, que não existem no Brasil, destinados à alimentação humana, que são a farinha de casca de café cereja e a KombuCafé, uma bebida probiótica como a kombucha, só que utilizando a casca de café cereja ao invés do chá.

Os produtos foram desenvolvidos por solicitação dos cafeicultores de Três Corações, MG, Elisabeth Andrade Figueiredo Santos e Eustáquio Augusto dos Santos e serão lançados no dia 22 de junho de 2022, em solenidade a ser realizada, das 13 às 17 horas, no salão de eventos Novo Espaço da rua Waldivino Paulo, 35, Cambuci, em Carmo da Cachoeira, MG.

Cafeicultores, nutricionistas, agrônomos, empresários e prefeitos da região serão apresentados aos novos produtos pelos seus desenvolvedores, os pesquisadores em café Sammy Fernandes Soares, doutor em Agronomia, da Embrapa Café/Epamig; Sérgio Maurício Lopes Donzeles, doutor em engenharia Agrícola, da (Epamig);  e o professor voluntário da UFV – Universidade Federal de Viçosa, Juarez de Souza e Silva, doutor em engenharia agrícola pela Michigan State University.

A farinha para consumo humano da casca de café cereja está no mercado dos Estados Unidos há mais de 10 anos e é muito utilizada para se fazer pães, bolos, doces, cookies e quitutes diversos.

No Brasil, os pesquisadores, por solicitação dos sócios da Fazenda de Café Paiol Três Corações, desenvolveram a farinha para produção pela cafeicultura familiar e podem beneficiar cerca de 100 mil pequenos e médios produtores de Minas Gerais.

Em Três Corações um grupo de mulheres cafeicultoras da Serra das Abelhas criaram receitas gostosas e nutritivas de pães salgados, inclusive o pão de queijo, bolos os mais variados, doces, até pé-de-moleque, bolos para todos os gostos e os conhecidos biscoitinhos da roça, que não faltam nas mesas das fazendas mineiras. Sempre utilizando a farinha de casca de café cereja obtida pelo processo de descascamento/despolpamento do café CD.

Também convidada para o evento promovido pela EMATER, “COMER CAFÉ, a nova maneira de degustar o arábica”, a vice-presidente do ITAL – Instituto de Tecnologia de Alimentos – do Estado de São Paulo, Gisele Anne Camargo, vai falar sobre o processo inventado por ela e colegas para o aproveitamento industrial de grandes volumes de casca de café cereja.

A farinha é de gosto neutro, tem cor amarelo/ouro e uma característica nutricional que supera todas as farinhas do mercado: mais potássio, ferro, cálcio, antioxidante, proteína, sem glúten, pouca gordura e cafeína.

A nova bebida chamada KombuCafé, também desenvolvida pelos pesquisadores, é semelhante à kombucha, a bebida criada pelos chineses no ano 221 a.C na China. Como a chinesa, a KombuCafé é probiótica, com bactérias e levedura em simbiose com a casca de café cereja, que, fermentadas, produzem uma bebida deliciosa, nutritiva e com possibilidades infinitas de saborização, a critério do consumidor.


CONCERTAÇÃO PELO CAFÉ CARBONO ZERO MINAS GERAIS

Os cafezais de Minas Gerais, com 4,8 bilhões de árvores de café, têm sequestrado apenas da atmosfera cerca de 12.456.000 de toneladas de CO2eq, sem contar as reservas e matas legais obrigatórias que cada propriedade deve preservar e também o carbono estocado no solo dessa cultura que há mais de 200 anos vem substituindo a mata atlântica por floresta produtiva.

O “Projeto Concertação pelo Café Carbono Minas Gerais” contempla quatro ações a serem implementadas ao longo do tempo:

1.      Medição, auditagem e certificação do sequestro e emissão de CO2eq das 200 mil propriedades cafeeiras, que ocupam uma área de 1,2 milhão de hectares, distribuídos por 463 municípios mineiros, e implantação de Agricultura de Baixo Carbono (ABC) nas áreas identificadas.

2.      Implantação de projeto pioneiro para a produção industrial de farinha de café para consumo humano e extrato líquido (a ser utilizado pela indústria de bebidas) proveniente do processo de descascamento de café cereja para a obtenção dos grãos CD (cereja descascado).

3.      Implantação do Projeto “Abelhas no Cafezal” com o objetivo de aumentar a produção de grãos de café, garantir sua sanidade, diminuir a emissão de CO2eq por hectare e aumentar a renda dos produtores também com a comercialização de mel.

4.      Implantação do endereço postal para cada propriedade rural identificada pela ampla atuação da medição e certificação dos cafezais. Vai possibilitar a inserção social do produtor rural mineiro, que, pela tecnologia agora disponível (GPS), poderá receber correspondência e produtos em casa.

O Projeto Café Carbono Zero é o fio condutor que abrirá os caminhos para a implantação ao longo do tempo das ações citadas.

O momento pelo qual passa o planeta tem possibilitado a discussão de muitas pautas de iniciativas ESG, como Carbono Zero, Net Zero, Economia Circular e Economia Regenerativa.

O Carbono Zero estabelece que a operação é neutra em emissão de carbono.

A Net Zero aplica a medida do Carbono Zero não só à operação, mas também a toda a sua cadeia de valor, incluindo fornecedores e clientes.

A Economia Circular aborda a reposição na Natureza do que se utilizou.

A Economia Regenerativa, além da reposição, considera o investimento para restaurar o capital natural já utilizado e garantir a sustentabilidade para o futuro.

Implantando nossas 4 ações podemos abranger os 4 itens ESG considerados.

O mercado de créditos de carbono criado pelo protocolo de Kyoto de 1997 refere-se apenas às florestas nativas e se baseia na diminuição de emissão de CO2eq.

Refere-se a florestas e árvores mas deixa de fora a agricultura, as árvores perenes da agricultura, as florestas produtivas, as florestas de café.

O nosso conceito é: os pés de café são árvores perenes, plantadas ao longo de 200 anos, substituindo a mata atlântica em Minas Gerais, mantendo estável a atmosfera a níveis de parte por milhão de antes da revolução industrial, e trazendo para Minas, e para o Brasil, a forte economia cafeeira.

Temos que provar, com medições e certificações, que nossas florestas de árvores de café já exercem um poderoso equilíbrio ambiental no sequestro de CO2eq do meio ambiente pelo processo de fotossíntese de bilhões de árvores de café, das árvores das matas legais, e da fixação do carbono no solo, em contraposição de uma diminuta emissão de CO2eq para a produção dos preciosos grãos de café, considerando apenas a emissão de combustíveis fósseis, gasolina e óleo diesel, e eletricidade.

Já existe no Brasil tecnologia e conhecimento para medir, auditar e certificar as quantidades de CO2eq sequestrados e emitidos pelas fazendas de café, apesar de nunca feitos até agora.

A Fazenda Paiol, em Três Corações, sul de Minas Gerais, realizou medições próprias, com base em estudos acadêmicos de aferições diretas por métodos destrutivos de algumas árvores de café.

Um hectare com 4.000 árvores de café sequestra/estoca 10,38 toneladas de CO2eq. Assim, tem sequestrado/estocado em suas 84 mil plantas, 217,98 tonCO2eq. Como emite apenas 2 tonCO2eq, com o uso de energia elétrica e queima de combustíveis fósseis, tem um “crédito de carbono” de 215,98 tonCO2eq. É exatamente sobre este ativo (crédito) de que se trata o projeto.

Este é um projeto pioneiro. Nós podemos criar as regras de mercado de créditos de carbono para a cafeicultura partindo do ativo “café carbono” dos produtores de café e os distribuindo em toda cadeia econômica do café, partindo dos transportadores de sacas de café das fazendas a até o consumidor de uma xícara de cafezinho em uma cafeteria em Berlim.

O ex-ministro Joaquim Levy, hoje banqueiro no Banco Safra, e especialista em créditos de carbono, tem uma frase sugestiva para nossos propósitos: “Para que um crédito de carbono seja emitido, é preciso que se comprove que um projeto ou atividade adiciona vantagem que não existiria sem este crédito”.

Fabio Passos, diretor da Venture de Carbono da Bayer, reconhece que atualmente os projetos de venda de crédito de carbono oriundos da agricultura não são aceitos pela ONU.

Entretanto, já há títulos sendo vendidos nas bolsas paralelas de carbono, como a “Chicago Climate Exchange” (CCX) e o Fundo Protótipo de Carbono (“Prototype Carbon Fund”), do Banco Mundial.

A Bayer já trabalha com vistas ao sequestro de carbono na agricultura da seguinte maneira:

1)      Colocar mais carbono no solo por meio de práticas ABC (Agricultura de Baixo Carbono);

2)      Estimular a metodologia MRV (Medir, Reportar e Verificar) por meio de novas ferramentas que serão mais baratas, escaláveis e, claro, aceitas pelo mercado;

3)      Inserir a agricultura no mercado global de carbono, que hoje está muito focado em energia e transporte, que representam mais de 60 por cento das emissões globais.

Note que a Bayer fala em agricultura em geral. Não se refere à cafeicultura em particular.

Já temos empresas no Brasil que fazem a medição, auditoria e certificação.

Por exemplo: Santos Lab, Delloite, Way Carb e Certifica Minas Café.

A implantação do Projeto Carbono Zero nas fazendas, e a consequente venda pelos produtores de café a preços mais elevados do que os valores commodities, pode provocar:

1.      Aumento de área plantada;

2.      Aumento de árvores plantadas por adensamento;

3.      Implantação de projetos de energia solar nas fazendas;

4.      Inserção social dos cafeicultores também pelo endereçamento postal;

5.      Saneamento básico nas fazendas; desenvolvimento dos municípios cafeicultores mineiros pela aplicação do ICMS Ecológico;

6.      E, por óbvio, o aumento da renda dos cafeicultores, sempre os mais prejudicados na cadeia econômica do café.

O projeto é ambicioso e pretende fazer ao longo dos anos toda a medição dos 1,2 milhão de hectares de árvores de café, matas legais e solo dos cafezais de Minas Gerais.

O financiamento de longo prazo através de “green bonds” está oferecido pelo governo do Reino Unido em acordo assinado neste ano de 2021 com o governo do Estado de Minas Gerais. O BDMG é seu agente repassador.

O financiamento poderia ser concedido a uma ou mais cooperativas de café, que venderia os cafés carbono zero de seus associados a preços mais elevados determinados pelos produtores e ajustados pelo mercado.

Pode-se até mesmo pensar em empresa que faria toda a intermediação entre o financiamento inglês, os produtores de café, as empresas de medição, auditagem e certificação, colocação dos Certificados Café Carbono no mercado e pagamento do empréstimo original. Poderia ser uma cooperativa de café existente, todas as cooperativas trabalhando juntas ou até mesmo uma nova empresa como a nossa Paiol Café Carbono.

O governo de Minas Gerais tem uma agência certificadora em pleno funcionamento com cerca de 1.000 propriedades certificadas, o Certifica Minas Café, que já aplica o conceito ABC nas propriedades.

Os compradores dos papéis verdes serão toda a cadeia econômica do café, todos emissores de CO2eq, inclusive as próprias cooperativas.

Pode-se criar um mercado de créditos de carbono voluntário, fora das regulações da ONU, como já existe, com a emissão de debentures incentivadas (Lei 12.431/11; PL 2646/20). Cria-se um mercado para Certificados Café Carbono.

O governo federal instituiu a Política Nacional de Pagamento por Serviços Ambientais através da Lei 14.119, de 13 de janeiro de 2021.

Precisamos criar um ordenamento técnico/jurídico para validar os novos conceitos de medição, auditagem, certificação, mercado de papéis verdes.

A ANBIMA (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) acaba de lançar o Guia ASG – Incorporação dos aspectos ASG (critérios ambientais, sociais e de governança, ou ESG, na sigla em inglês) nas análises de investimentos, que pode ser bem interessante para nossos projetos.

A Fazenda de Café Paiol Três Corações, que vem desenvolvendo estes 4 projetos, pode ser o Case 1, o projeto piloto de validação de medição e aplicação do Programa ABC.

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Minas vai à Cúpula com Café Carbono Neutro, florestas produtivas e o inovador crédito para o meio ambiente

O setor cafeeiro de Minas Gerais tem a oferecer uma importante contribuição ao debate desse abril de 21 na Cúpula de Líderes para o Clima, convocada pelo presidente Joe Biden, quando o Brasil vai aparecer mais uma vez como o vilão desmatador e sem compromissos.

Os projetos da marca Café Carbono Neutro, os Créditos de Carbono provenientes de sequestro de CO2 pelos cafezais e o novo conceito de “Florestas Produtivas” apresentam uma novidade para os debates sobre a emissão de Gases de Efeito Estufa (GEE).

A diretora executiva da poderosa Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA), Vanusia Nogueira, já indicada pelo Brasil para a direção da Organização Internacional do Café (OIC), em Londres, poderia sugerir a novidade nas discussões da Cúpula do Clima 2021.

A cultura do café, a mais importante commodity agrícola brasileira, está ameaçada de enormes perdas por sua transferência geográfica para climas mais frios em função do aquecimento global.

Cafeicultores de Três Corações, no sul de Minas, já trabalham com a ideia dos cafezais como “florestas produtivas”, uma vez que as árvores que produzem café também sequestram da atmosfera 10,38 toneladas de CO2 por hectare, e as fazendas que as abrigam emitem um mínimo de carbono, na proporção de 10 para 1, para produzir na maior floresta de cafés do mundo os preciosos grãos que nos dão a bebida mais consumida do planeta.

O novo conceito da “floresta produtiva” é o de que os cafezais são árvores perenes que produzem os frutos do café e ainda sequestram e estocam CO2, cumprindo dupla função em favor do meio ambiente e da economia nacional, além de oferecer ao mundo uma bebida saudável, energética e nutritiva.

A marca Café Carbono Neutro já desperta interesse na Europa e vai certificar as propriedades mineiras que produzem o novo café limpo e não poluente.

Na esteira dessa relação entre crédito e débito, com o crédito de muito sequestrar CO2, e débito de pouquíssimo emitir CO2 para produzir a valiosa commodity café, está sendo criado em Minas um inédito sistema de crédito de carbono, nos moldes do existente certificado pela ONU, mas aqui certificado por instituição independente e com expertise.

O projeto piloto está sendo criado em Minas Gerais por ser o maior produtor de café do mundo, com a maior área de florestas de café do planeta, com 1 milhão e 200 mil hectares, que sequestram 12.456.000 de toneladas de CO2, considerando uma população média de 4 mil plantas por hectare.

Com a nova tendência de adensamento dos cafezais, pode-se dobrar o número de árvores por hectare, o que dobra também a tonelagem de CO2 que estará sendo sequestrada e estocada nas árvores, transformadas em celulose pelo processo de fotossíntese.

As florestas de café de Minas não se comparam às nativas da Amazônia na tonelagem de CO2 retirado da atmosfera. Estudos indicam que sequestram cerca de 7 por cento do que estocam as árvores da Amazônia, mas sequestram cerca de 97 por cento de uma capoeira em regeneração de 5 anos na mesma floresta amazônica.

Eustaquio Augusto dos Santos é Cafeicultor e Editor do Blog comercafe.blogspot.com

Cafezais sequestram CO2 e emitem créditos de carbono em novo mercado de papéis verdes. Surge a moeda BitCafé

 O maior produtor de café do mundo, o Estado de Minas Gerais, que também possui a maior área plantada com árvores de café, está iniciando projeto para o lançamento da marca-conceito Café Carbono Neutro, provando, com estudos científicos e medições de alta precisão, que as florestas de pés de café sequestram bem mais CO2 do que emitem para produzir os preciosos grãos de café.

Com esta certificação, produtores e instituições estudam iniciar concomitantemente o mercado de créditos de carbono para a cafeicultura, nos moldes da certificada pela ONU, mas esta certificada por instituição independente e negociada entre os portadores primários da moeda-café, os cafeicultores, e empresas, instituições e cooperativas envolvidas no negócio do café.

O cafeicultor Eustáquio Augusto dos Santos, de Três Corações, no sul de Minas, tem debatido o assunto com entidades e o poder político e todos se mostram interessados na questão, especialmente porque, pela primeira vez, um estudo acadêmico, uma tese de doutorado de pesquisadora da Unicamp, determinou que um hectare de cafezal com cerca de 4.000 plantas sequestra e estoca 10,38 toneladas de carbono da atmosfera.

Outros estudos mostram que a relação entre crédito de carbono que a propriedade sequestra da atmosfera, e o débito, que ela emite com eletricidade e combustíveis fósseis para manter o cafezal produzindo chega a ser 10 para 1.

A marca Café carbono Neutro vai mostrar aos mineiros, aos brasileiros e ao mundo que o nosso café é também um produto limpo, perfeitamente sustentável, que sequestra CO2, o dióxido de oxigênio, e ainda leva às nossas mesas a bebida mais consumida no mundo.

Este projeto se encaixa perfeitamente com os esforços de mitigação dos Gases de Efeito Estufa (GEE), uma vez que a agricultura com plantas perenes, como é o caso do café, são “sumidouros de carbono”, como definido pelo Protocolo de Kyoto.

O café com a certificação carbono neutro será de melhor qualidade, portanto mais valorizado no mercado, e ainda vai introduzir no mercado uma nova “bolsa de papéis verdes”, com os produtores emitindo seus créditos e os empresários incentivados negociando esses papéis. Poderá ser criada no mercado uma nova moeda verde, a BitCafé. 

SEQUESTRO DE CO2 NOS CAFEZAIS CRIA MOEDA VERDE E CAFÉ CARBONO NEUTRO EM MINAS GERAIS

 

O café entrou no Brasil colonial pelas artimanhas de um sargento namorador, que trouxe das Guianas as preciosas sementes contrabandeadas para as terras do Pará.

E aqui floresceu, virou o ouro verde, símbolo do país, fez fortunas e criou uma cultura social pelo “café à mesa”.

Sempre foi solução para a sempre combalida economia brasileira.

E agora pode ser solução novamente, com novos produtos e negócios provenientes da atividade cafeeira.

Nestes tempos de sérias preocupações pela emissão de gases de efeito estufa, os cafezais mineiros, os maiores do mundo, respiram fundo e entram no poderoso negócio dos créditos de carbono.

Descobrimos, nós mineiros, que o café é um produto limpo, uma agricultura que sequestra e estoca muito mais carbono do que emite (combustíveis para tratores e equipamentos e eletricidade) para a produção dos preciosos grãos.

O pé de café é uma árvore perene, tem vida longa. Estudos recentes provam que cada hectare plantado com 4 mil pés de café, a média nacional, sequestra (tira da atmosfera) e estoca em seus troncos 10,38 toneladas de CO2. Sim, 10 toneladas, imagine, em cada hectare. E sem contar os 10 por cento sobre o tamanho da propriedade das matas legais obrigatórias.

Minas Gerais, o maior produtor de café do mundo, tem cerca de 1.200.000 hectares plantados em 463 municípios com 4 bilhões e 800 milhões de árvores de café e sequestra a estupenda cifra de 12.456.000 toneladas de CO2.

É menos do que as plantas da floresta amazônica? Claro, são árvores mais baixas, de troncos mais finos, mas que produziram, na safra 2019/2020, 33,5 milhões de sacas somente em Minas. E geraram milhões de dólares de divisas.

O movimento para a nova revolução cafeeira está em monetizar os créditos de carbono das florestas de cafés do Estado, em “papel verde”. Está provado que a atividade cafeeira sequestra muito mais do que emite para produzir o café. Numa relação débito/crédito, estes créditos se transformam no papel verde, aliás já existente no mundo, mas atualmente pouco utilizados em países como Brasil, Índia e China por problemas variados.

Minas Gerais tem 130 mil produtores de café que geram uma cadeia de 3 milhões de empregos. Monetizados, estes “papéis verdes”, não confundir com o dólar, podem ser utilizados para compensação de emissão de Gases de Efeito Estufa (GEE) de empresas como indústrias, comércio, cooperativas, como incentivos ou descontos. O mercado decide como utilizar.

E Minas Gerais sai na frente ao oferecer ao mundo o Café de Carbono Neutro, uma chancela de saúde, economia e publicitária que poucos produtos agrícolas podem oferecer, como a soja, por exemplo, uma planta rasteira que sequestra pouquíssimo CO2 e emite uma enormidade para produzir.

E este movimento se inicia em Minas porque temos uma lei estadual chamada Robin Hood que trata do ICMS Ecológico. Com o acréscimo de um ou dois artigos, as florestas de cafezais podem ser inseridas na lei e o ICMS beneficiar os municípios produtores de café.

O movimento de produtores e pessoal do mercado está se mexendo para debates com as federações de agricultores, deputados e prefeitos. Quem sabe algumas boas conversas virtuais em mesas de cafezinho e quitutes mineiros todos nós possamos nos entender?

Créditos Carbono podem ser usados nos cafezais de MG

 

O EFEITO BORBOLETA NA CAFEICULTURA

Eustaquio Augusto dos Santos, Jornalista e Cafeicultor *

(eustaquiosa@gmail.com)

O efeito borboleta é uma figura retórica que nos remete ao fato de que o bater de asas de uma borboleta tem repercussão no espaço e no tempo, aqui ou longe daqui.

O simples ato de um apressado bancário levantar e beber uma xicrinha de café no “Café Nice”, no centro de Belo Horizonte, tem efeitos sociais e econômicos na cafeicultura de Minas Gerais, o maior produtor de café do mundo.

No instante mesmo em que a Humanidade enfrenta uma crise sanitária sem precedentes e tenta com pouco sucesso diminuir a emissão de gases de efeito estufa, a cafeicultura, em ato reflexo, oferece importante contribuição à economia e ao meio ambiente.

Como sequestrar e estocar o poluente dióxido de oxigênio (CO2) nos 4 bilhões e 800 milhões de pés de café plantados em 1 milhão e 200 mil hectares no estado de Minas Gerais.

Também pode diminuir a quase zero a emissão do pernicioso óxido nitroso proveniente da adubação química e orgânica de seus cafezais.

E aproveitar 100 por cento do fruto de café ao utilizar a polpa e a casca para produzir um novo produto para a alimentação humana, uma riquíssima, valiosa e muito nutritiva farinha para produção de pães, bolos, doces e quitutes variados.

Uma única e enorme fazenda de café em São Paulo e Minas, em fins do século XIX, financiou a invenção dos aviões em Paris pelo mineiro Santos Dumont.

Agora, quem sabe, os nossos cafezais podem financiar com créditos carbono um estoque de 12.456.000 de toneladas de CO2 em nossas perenes plantas de café cultivadas em Minas Gerais.

Pode ser o bater de asas a ser replicado em mais um milhão de hectares plantados em outros estados brasileiros e tantos outros milhões estocados nos cafezais do restante do planeta.

Estudos acadêmicos realizados no município de São Sebastião do Paraíso, em fazenda de café da Empresa de Pesquisas Agropecuárias de Minas Gerais (EPAMIG), mostram que cada hectare com cerca de 4 mil plantas, a pleno sol, sequestra e estoca 10,38 toneladas de carbono.

O mercado de créditos carbono internacional paga entre 4 a 7 euros por tonelada de carbono sequestrado de nosso poluído ar. Apenas como exercício aritmético, imaginemos que estas 12,456 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2) estocadas em Minas Gerais possam ser convertidas em euros, a preço de 5 euros por tonelada. Teremos 62.280.000 euros, ou 373.680.000 de reais (com o euro a R$6) referentes aos nossos 1.200.000 hectares cultivados em MG com a planta mais importante para a economia brasileira durante 300 anos e que nos oferece os preciosos grãos de café, a bebida mais consumida no mundo, depois da água.

Estes valores podem não ser expressivos, mas indicam ao mundo que o café, além de todos os benefícios sociais e econômicos, também oferece sua contribuição ao sequestrar e estocar gases de efeito estufa (GEE), e contribui para minorar o aquecimento global.

Ou seja, o café é uma planta ecológica, ao contrário das pastagens, que servem ao gado, um dos maiores poluidores do planeta.

Já podemos fazer companhia àquele apressado bancário do “Café Nice” e tomar nossa xícara de café sem remorsos. E melhor, acompanhado de um pãozinho com manteiga.

Pãozinho que em breve poderá estar sendo levado ao forno feito inteiramente de farinha da casca e polpa da fruta do café, atualmente desperdiçada em montanhas de matéria orgânica largadas ao sol, emitindo gás metano e com seu chorume infiltrando pelo solo e águas de Minas, do Brasil e do mundo.

Os americanos inventaram o processo que utiliza a casca do café despolpado para produzir farinha destinada ao consumo humano e utilizada em pães, bolos, doces, quitutes. Ela é igual a todas as farinhas, não tem gosto, mas se distingue de todas as outras pelo seu enorme aparato nutricional.

A Fazenda Paiol, em Três Corações, no Sul de Minas, associada à Epamig, já produz esta farinha em caráter experimental.

Este é um método inovador para o aproveitamento integral do fruto do café maduro: grãos, para a bebida, polpa e casca, para a farinha. Para cada saca de 60 kg de café produzido, consegue-se 40 Kg de farinha. E esta farinha já é vendida nos Estados Unidos a US$20 o Kg, R$100 o Kg se considerarmos o dólar a R$5.

O terceiro fator no qual a cafeicultura pode se apresentar mostrando seu comprometimento com o meio ambiente diz respeito aos fertilizantes que utiliza.

E um dos principais é o nitrogênio, que faz parte do importante grupo de fertilizantes NPK, nitrogênio, fosforo e potássio.

No cultivo do cafeeiro, a maior parte das emissões de gases de efeito estufa (GEE) provém da aplicação de adubos nitrogenados. O alto impacto relativo do uso de fertilizantes nitrogenados se deve, principalmente, à emissão de N2O, após reações do fertilizante no solo

O óxido nitroso (N2O) é um importante gás ativo no efeito estufa (GEE), por apresentar

elevado potencial de aquecimento global (PAG), cerca de 300 vezes superior ao dióxido de carbono (CO2), o que explica a importância da sua emissão pelos sistemas de produção agrícola.

Especificamente com relação aos fertilizantes minerais e orgânicos e a mineralização de nitrogênio dos resíduos culturais, o Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC) considera que 1% da quantidade de N aplicada é perdido na forma de N2O, embora a faixa de incerteza esteja entre 0,3% e 3% (IPCC, 2006).

Estudos recentes relataram que 84% das emissões anuais de N2O do solo ocorrem após a aplicação de fertilizante nitrogenado. A influência da adubação nitrogenada sobre os fluxos de N2O é mais pronunciada nas primeiras semanas após a aplicação do fertilizante.

Para atingir níveis ótimos de produtividade, a cultura do cafeeiro necessita da aplicação de grandes quantidades de fertilizantes nitrogenados; porém, esta prática acarreta elevadas emissões de N2O para a atmosfera.

Portanto, para conferir menor risco ambiental aos sistemas de produção, algumas medidas devem ser adotadas para mitigar as emissões de GEE (sobretudo N2O) na atmosfera, sem prejuízo das necessidades nutricionais e dos níveis de produtividade do cafeeiro.

Há algumas ações que podem diminuir esta emissão de nitrogênio para a atmosfera, como os tipos de adubo, a dose correta e sistemas agroflorestais.

O autor oferece estas sugestões ao meio cafeeiro, como forma de, quem sabe, sensibilizar políticos, autoridades e cafeicultores a tornarem efetivas estas medidas.

Todas as informações e dados constantes do presente artigo estão disponíveis na internet, aliás a principal fonte do autor.

*Escreveu o e-book COMER CAFÉ, disponível na amazon.com.br, foi chefe de redação do jornal “O Globo”, sucursal de Belo Horizonte, e repórter de “O Estado de S. Paulo”, sucursal do Rio de Janeiro.

Você vai comer pão de farinha de casca de café. E vai gostar

 

     O que um padeiro com Ph.D. em física, um executivo da rede de cafeterias Starbucks e o bilionário Bill Gates têm a ver com Minas Gerais, o maior produtor de café do mundo se fosse considerado como um país?

Pois foi de Minas, de Carmo de Minas, que saíram os primeiros lotes de um resíduo de polpa e casca de café que deram origem à mais nutritiva e vitaminada farinha natural para consumo humano de que se tem notícia no mundo, melhor do que as farinhas de trigo, mandioca ou milho. Uma farinha ótima para pães, bolos, biscoitos, cookies e o que mais vier com a criatividade dos chefs de cozinha.

Este “resíduo” é a sobra do processo de descascamento/despolpamento da fruta madura de café, conhecida como café cereja, antes de ela ser secada nos terreiros. Os grãos são extraídos da fruta madura, secados sem a casca e se transformam no café CD (cereja descascado), um café gourmet especial, mais valorizado nas bolsas de mercadorias.

A ideia de utilizar o que sobra do processo, essa matéria orgânica, hoje descartada



nas fazendas de café, foi do ex CEO da Starbucks, Dan Belliveau, que levou o assunto para Nathan Myrvold, o fundador da Intellectual Ventures, a maior empresa de invenções do planeta, com milhares de patentes nas áreas da física nuclear, ótica e ciência da alimentação.

Myrvold, Ph.D. em física, é um apaixonado por culinária, escreveu oito livros sobre o assunto, inclusive um dedicado aos pães, premiado nos EUA. Foi diretor de pesquisas da Microsoft e convidou seu antigo patrão, Bill Gates, para financiar a invenção, já patenteada, do processo industrial de transformar o tal “resíduo” em farinha para consumo humano.

A farinha está no mercado dos Estados Unidos desde 2014, custa US$20 o quilo, R$100 o kg com o dólar a R$5 e apresenta a seguinte composição nutricional: mais antioxidante por grama do que a romã, mais fibra do que a farinha de trigo integral, mais proteína do que a couve fresca, menos gordura e mais fibras do que a farinha de coco, mais ferro do que o espinafre fresco e mais potássio por grama do que a banana.

Esta farinha, rica naturalmente pela esmerada adubação dos cafezais, só existe para venda e consumo nos Estados Unidos. O Brasil sequer conhecia o assunto até agora, quando o jornalista e cafeicultor mineiro Eustáquio Augusto dos Santos tomou conhecimento do assunto, fez um projeto para produção da farinha e escreveu uma grande reportagem publicada em outubro de 2020, em e-book, pela amazon.com.br sob o título de “COMER CAFÉ”.

O Brasil tem 10 milhões de toneladas do tal “resíduo”, montanhas de matéria orgânica em decomposição jogadas fora ou subaproveitadas como adubo, poluindo o solo e as águas, através do chorume, e o ar, pelo gás metano.

No projeto de fabricação da farinha de casca de café CD (cereja descascado), Eustáquio Augusto dos Santos, da Fazenda Paiol, de Três Corações, MG, conseguiu sensibilizar uma equipe de pesquisadores da Embrapa Café, EPAMIG e Universidade Federal de Viçosa, que desconheciam a existência da tal farinha.

Os pesquisadores inventaram então um método artesanal de fabricação da farinha que pode sofisticar a culinária, com a possibilidade de tornar mais nutritivos e gostosos pães, bolos, biscoitos, cookies e até bebidas.

No desenvolvimento do processo, a equipe do agrônomo Sammy Fernandes Soares, da Embrapa Café/Epamig, de Viçosa, descobriu um método para se produzir, também, um extrato líquido, com todas as propriedades nutritivas da farinha, de preciosa utilização para as indústrias de bebidas, farmacêuticas e cosméticas.

No trabalho científico feito por Sammy Fernandes e apresentado no X Simpósio de Pesquisas de Café provou-se que para cada saca de 60 quilos de café CD, o processo produz 34,4 quilos de farinha e 59,2 litros de extrato.

Elisabeth Andrade Figueiredo Santos, proprietária da Fazenda Paiol, em Três Corações, sul de Minas, esposa de Eustáquio Augusto dos Santos, já faz deliciosos biscoitos, pães e bolos com esta vitaminada farinha. E ainda produz uma calda doce com o extrato que, despejada sobre os bolos, é festa para o paladar.

A Fazenda Paiol exporta cafés especiais para a Alemanha, através de sua associada importadora em Berlim, Isa Bee Coffees, que se prepara para futuramente colocar no mercado europeu essa nutritiva farinha de casca de café CD.

Em Minas, a Cafeteria Grão da Terra, na BR-381, em Três Corações, será a distribuidora do novo produto, segundo sua proprietária Marjorie dos Reis Santos Pereira.

Assista ao vídeo que ensina a produzir farinha das frutas de cafés especiais

 Assista o vídeo no YouTube em https://www.youtube.com/watch?v=ss9kgAMtJnY&list=PL9mXr3pROorcUb0DJ0NcVXs86XT0TD0PZ&index=2

  O processo de fabricação da farinha da polpa e casca da fruta madura de café está pronto e funcional. Criado por sete pesquisadores mineiros e capixabas é um grande passo para que a cafeicultura familiar que se dedica à produção de cafés especiais consiga renda extra importante fabricando também a farinha nutritiva e vitaminada naturalmente.

Os pesquisadores Juarez de Souza e Silva ( Embrapa Café, Universidade Federal de Viçosa, Epamig ), Sammy Fernandes Soares ( Embrapa Café, Epamig ), Sérgio Maurício L. Donzeles ( Epamig-Sudeste ), Marcelo de Freitas Ribeiro ( Epamig Sudeste ), Lucas Louzada Pereira ( Instituto Federal de Ensino Superior – campus de Venda Nova do Imigrante IFES-VNI ), Douglas Gonzaga Vitor ( Embrapa Café ), Aldemar Palonini Moreli ( IFES-VNI ) produziram um vídeo mostrando todo o processo.

Este vídeo vai ilustrar a participação dos pesquisadores na Semana Internacional do Café a ser realizada de 18 a 20 de novembro totalmente digital.


Trigo e Café, na mesa conosco, saborosos e domesticados

 

O trigo domesticou a humanidade, tornou os homo sapiens sedentários e possibilitou o surgimento das primeiras cidades, como grandes assentamentos de pessoas dedicadas ao cultivo do trigo e processamento da preciosa farinha.

Bem lá atrás, há cerca de 12 mil anos, os homens deixaram de ser coletores/caçadores para serem agricultores, o que os historiadores chamam de revolução agrícola, ocorrida após a última era glacial, ocorrência de muita chuva e surgimento das gramíneas, entre elas o trigo.

O trigo chegou até aqui ocupando uma área total de cultivo no mundo da ordem de 2,5 milhões de quilômetros quadrados, alguma coisa como nove vezes o território do estado de São Paulo. E é responsável pelo consumo de 15 por cento do valor calórico da humanidade.

Segundo o historiador Yuval Noah Harari, best seller com seu livro “Sapiens, uma breve história da humanidade”, a palavra domesticar vem do latim, domus, casa. E ele pergunta: quem ficou em casa para cuidar da plantação, colheita e processamento do trigo, deixando de ser caçador/coletor, para virar agricultor? Foi o homem, não o trigo.

A história mostra a importância da farinha na transformação da sociedade e sua alimentação, com a farinha de trigo hoje onipresente em nossas vidas nos pães, bolos, massas, doces, uma infindável lista de alimentos processados.

O trigo é plantado para ser transformado em farinha, tem um ciclo curto de crescimento, poucos meses, e depois de colhido, nova plantação, novo processo. O café é uma planta perece, em três, quatro anos já está produzindo e depois chega aos 100 anos com facilidade.

O coffea arabica não tem essa história toda. Talvez uns mil anos, desde a Etiópia, na África, até 1724, quando foi contrabandeado da Guiana francesa para o estado do Pará, pelo sargento Palheta.

O Brasil se tornou o maior produtor mundial, dando enorme contribuição para que a bebida mais consumida no mundo também tivesse uma história marcante, apesar de ser uma criancinha, mil anos apenas, frente aos 12 mil, quase 18 mil anos do trigo selvagem.

E nesses anos todos a fruta do coffea arabica só forneceu seus grãos para a famosa bebida, desperdiçando polpa e casca, metade da fruta em relação ao seu peso.

Polpa e casca que agora vão virar farinha, mais nutritiva até do que a farinha de trigo. E como o patriarca longevo, transformar-se em importante matéria prima para a fabricação de pães, bolos, doces e massas, tão gostosos quanto, e mais nutritivos com certeza.

A farinha de café cereja inventada pelos americanos e em oferta há seis anos nos Estados Unidos, tem mais ferro do que o espinafre, mais potássio do que a banana, mais proteína do que a couve fresca, mais antioxidante do que a romã e mais fibra por grama do que a farinha de trigo integral.

Esta farinha obtida do excedente de polpa e casca da fruta de café cereja descascado também foi conseguida em Minas Gerais, em processo criado por pesquisadores da área cafeeira da Embrapa Café, Epamig e Universidade Federal de Viçosa. Em breve vai estar no mercado brasileiro.


A fruta de café será finalmente 100% aproveitada e vai oferecer ao mercado pós covid novos lucros

Frutas de café variedade Catuaí amarelo na Fazenda Paiol, Três Corações, Minas Gerais

O negócio do café no Brasil é muito importante para desconsiderar o desenvolvimento do processo industrial criado por pesquisadores mineiros no aproveitamento do excedente de polpa e casca de café nas fazendas brasileiras.

Este excedente é proveniente de um método inovador que surgiu nos anos 1980, quando se começou a falar nos chamados cafés especiais, com 80 pontos ou mais na classificação da SCAA – Specialty Coffee Association of America.

Esse processo consiste em produzir o café cereja descascado, o CD, já cotado nas bolsas de mercadorias e cooperativas cafeeiras, mais valorizado, mais caro e mais interessante para cafeicultores e consumidores, que passam a beber um café de “bebida mole”, mais doce e notas marcantes.

O método, porém, provoca um excedente de polpa e casca da fruta de café madura, quando da extração dos grãos antes do método natural de secagem do fruto.

São 10 milhões de toneladas por colheita despejadas nas fazendas brasileiras, simplesmente jogadas fora ou subutilizadas para reforçar a adubação dos cafezais.

E são montanhas de matéria orgânica fermentando ao sol, provocando chorume, poluindo o solo, águas e o ar com a emissão de gás metano.

Pelo processo de transformação desta rica matéria orgânica em farinha para consumo humano desenvolvido por pesquisadores da Embrapa Café, Epamig e Universidade Federal e Viçosa, para cada saca de 60 kg de café CD produzido, pode-se conseguir 35 kg de farinha e 60 litros de um poderoso extrato, uma calda, que pode ser utilizado pelas indústrias de bebidas, cosméticos e farmacêutica.

Simplesmente utilizando-se de um excedente hoje descartado pelas fazendas brasileiras e mundiais.

Esta farinha foi inventada há seis anos nos Estados Unidos e custa, a preços de hoje para o consumidor final norte-americano, US$20 o kg, ou R$112,00 com o dólar a R$5,60.

Em simples exercício aritmético, o produtor brasileiro que já utiliza o processo do café CD, poderia ter um acréscimo de R$95,00 por cada saca se vendesse sua farinha e extrato a R$1,00 o quilo e o litro, respectivamente.

Você vai comer pão feito com farinha de café. Você vai comer café

 

Por quê aqui se fala em comer café? Nosso projeto tem o objetivo de produzir farinha nutritiva utilizando o excedente da fruta madura de café, polpa e casca, descartados nas fazendas, no processo de produção dos cafés especiais CD, ou Cereja Descascado.

Quando falamos em comer café nos referimos a comer pães deliciosos, bolos de dar água na boca, doces dos sonhos, massas para macarrão, pizzas e o que mais a imaginação culinária do mundo puder imaginar para fazer com esta farinha vitaminada naturalmente, da planta para sua mesa.

O que estamos chamando de NOVO CAFÉ, ou Farinha da Fruta de Café Cereja PC (polpa e casca) não é um composto vitamínico, não é uma farinha pobre na qual se adiciona nutrientes para torná-la saudável na alimentação escolar. 

A nova farinha é naturalmente nutritiva, não sofre adição de vitaminas ou nutrientes, minerais ou proteínas. Ela tem tudo isso naturalmente, vindo da terra através dos fertilizantes caríssimos, geralmente importados em dólares, e generosamente adicionados pelos cafeicultores à terra brasileira para a produção dos melhores cafés do mundo.

Aqui se fala de uma farinha produzida a partir da fruta madura do café, que é composta, simplificadamente, em grãos, polpa e casca. Os grãos, as sementes, viram a bebida de café que conhecemos e tanto amamos, e o outro café, polpa e casca, que continuam sendo café, se transformam nesta farinha que só existe nos Estados Unidos.

E está no mercado norte-americano desde 2014 devido à genialidade de um empresário, Dan Belliveau, que abandonou a Starbucks, a maior franquia de cafeterias do mundo, para se dedicar a esta ideia da farinha naturalmente nutritiva.

Para desenvolver sua ideia, ele procurou um padeiro, mas não um padeiro qualquer, ali da padaria da esquina. Um padeiro com Ph.D. em física, dono da maior empresa de invenções do planeta, a Intellectual Ventures, dedicada a criar soluções nas áreas da física nuclear, ótica e ciência da alimentação.

Nathan Myrvold foi diretor de pesquisas da Microsoft, escreveu oito livros sobre culinária, inclusive um dedicado exclusivamente aos pães, uma coleção premiada nos Estados Unidos, e vendida em caixas espetaculares, em inglês, por R$4.500,00 na amazon.com.br. O terceiro envolvido é o bilionário Bill Gates, dono da Microsoft, inventor do windows, que financiou o projeto.

No Brasil, esta informação foi colhida pelo jornalista e cafeicultor Eustaquio Augusto dos Santos, editor deste Blog e autor do livro “COMER CAFÉ”, à venda na loja Kindle da amazon.com.br e em mais 16 países.

Por provocação deste autor, uma equipe de pesquisadores da Embrapa Café, Epamig e Universidade Federal de Viçosa desenvolveu um processo único e inédito que também chega à farinha naturalmente nutritiva.

Tanto a farinha americana, quanto mineira, são produzidos com o excedente de um processo criado há cerca de 30 anos para se produzir cafés especiais e que consiste no despolpamento/descascamento da fruta madura do café cereja.

Os chamados cafés CD (Cereja Descascado) são especiais, mais caros e cotados nas bolsas de mercadorias do mundo.

Cerca de 15 por cento da produção brasileira de café, se destina aos cerejas descascados.

PESQUISA QUE ORIGINOU O PROJETO DA FARINHA DA FRUTA DE CAFÉ EM MINAS

 O Blog COMER CAFÉ publica a pesquisa científica realizada por grupo de pesquisadores da EMBRAPA CAFÉ e EPAMIG apresentado em outubro de 2019 no X Simpósio de Pesquisas dos Cafés no Brasil, em Vitória, no Espírito Santo.

Foi a partir das informações colhidas em fontes norte-americanas e este trabalho que o cafeicultor e jornalista Eustaquio Augusto dos Santos, editor deste Blog, passou a trabalhar com os pesquisadores para desenvolver o projeto Café com Pão, implantá-lo na Fazenda Paiol, em Três Corações, no sul de Minas, e levar este conhecimento aos interessados em produzir a super farinha da polpa e casca da fruta de café cereja e um extrato líquido, uma calda, proveniente da polpa, que poderá ser de grande interesse para indústrias de bebidas, cosméticos e farmacêuticas.

Segue a íntegra da pesquisa dos mineiros:

TEORES DE NUTRIENTES NO EXTRATO MUCILAGINOSO E NA FARINHA DA CASCA DOS FRUTOS DE CAFÉ1

 

Sammy Fernandes Soares2; Juarez de Sousa e Silva3, Aldemar Polonini Moreli4, Sérgio Maurício Lopes Donzeles5, Marcelo de Freitas Ribeiro6, Douglas Gonzaga Victor7, Victor Sérgio dos Santos

 

 1 Trabalho financiado pelo Consórcio Pesquisa Café.

2 Pesquisador, DS, Embrapa Café/ EPAMIG, sammy.soares@embrapa.br

3 Professor Voluntário, PhD, DEA/UFV, Bolsista Consórcio Pesquisa Café, juarez@ufv.br

4 Professor, DS, IFES, Campus de Venda Nova do Imigrante, aldemarpolonin@gmail.com

5 Pesquisador, DS, EPAMIG SUDESTE, slopes@epamig.br

6 Pesquisador, DS, EPAMIG SUDESTE, mribeiro@epamig.ufv.br

7 Bolsista Consórcio Pesquisa Café, BS, douglas.vitor@ufv.br

8 Estudante de Agronegócio, UFV, estagiário na EPAMIG, vitor.santos.sergio@gmail.com

 

RESUMO: O processamento dos frutos de café visando obter o café cereja descascado gera como resíduos a casca, que é aproveitada na adubação e na alimentação animal, e a mucilagem, que sai junto com a água residuária. O trabalho teve como objetivo determinar os teores de nutrientes no extrato mucilaginoso e na farinha da casca dos frutos de café das variedades Oeiras, Catiguá e Catuaí Vermelho. Os frutos de café foram lavados em água potável e descascados, sem usar água no descascador. O café cereja descascado foi posto em bandeja de plástico com água suficiente para recobrir os grãos e, no dia seguinte, peneirou-se o café e separou-se o extrato mucilaginoso. A casca foi posta para secar, em estufa com ventilação forçada, e depois foi moída. Amostras do extrato mucilaginoso e da farinha da casca dos frutos foram analisados em laboratório, conforme métodos usuais de análise de efluentes e alimentos. Os níveis de K, Ca, Mg e Na, determinados no extrato mucilaginoso das variedades Oeiras, Catiguá e Catuaí Vermelho variaram de 662 a 3307, 154 a 317, 60 a 114 e 12 a 108 mg.L-1e o teor de proteína, carboidrato, fibra, gordura e K na farinha das variedades Oeiras e Catiguá foram 9 e 8, 65 e 68, 19 e 12, 1 e 0.8, e 2700 e 5150 g.100 g-1, respectivamente. O extrato mucilaginoso e a farinha da casca dos frutos de café podem ser aproveitados pela indústria para fabricação de vários produtos.

 

 PALAVRAS-CHAVE: pós colheita, processamento, resíduo

 

NUTRIENT CONTENT IN MUCILAGINOUS EXTRACT AND SHELL FLOUR OF COFFEE FRUIT 1

 

ABSTRACT: The processing of coffee fruits to obtain the peeled cherry coffee generates as residues the shell, which is used in fertilization and animal feed, and the mucilage, which comes out with the wastewater. The objective of this work was to determine the nutrient content in mucilaginous extract and shell flour of the coffee fruits of the Oeiras, Catiguá and Catuaí Vermelho varieties. The coffee fruits were washed, using potable water and peeled without using water in the peeler. The peeled cherry coffee was placed in a plastic tray with water to cover the beans and in the next day the coffee was sieved and the mucilaginous extract was separated. The husks were put to dry in a forced ventilated oven and ground after drying. Samples of mucilaginous extract and fruit shell flour were analyzed in the laboratory, according to usual methods of effluents and food analysis. The levels of K, Ca, Mg and Na, determined in the mucilaginous extract of the Oeiras, Catiguá and Catuai Vermelho varieties ranged from 662 to 3307, 154 to 317, 60 to 114 and 12 to 108 mg.L-1. The protein contents, carbohydrate, fiber, fat and K in the flour of the Oeiras and Catiguá varieties were 9 and 8, 65 and 68, 19 and 12, 1 and 0.8, and 2700 and 5150 g/100g, respectively. The mucilaginous extract and the flour of the coffee fruit husk can be use by the industry to manufacture various products.

 

KEY WORDS: post harvest, processing, waste.

 

INTRODUÇÃO

 

O fruto de café é constituído pelo exocarpo, mesocarpo e endocarpo, comumente denominados casca, polpa e pergaminho, respectivamente, e pela semente, envolvida pelo pergaminho. A casca dos frutos de café maduros, pode ser separada da semente mediante pressão com os dedos; a camada sólida da polpa e parte da líquida, denominada mucilagem, fica aderida à casca, enquanto a outra parte fica junto ao pergaminho. Nas unidades de processamento os frutos passam pelas operações de limpeza e lavagem, e, com menor frequência, pelo descascamento e remoção da mucilagem. A retirada da casca reduz o volume de material e o tempo na secagem do café, diminuindo o custo desta operação, além de possibilitar a formação de lotes de café descascado de frutos maduros, dos quais se obtêm as melhores bebidas. Na etapa de descascamento, parte da mucilagem adere-se às cascas e aos grãos descascados e parte sai na água que passa pelo descascador. Para facilitar o manejo na secagem, remove-se parcialmente a mucilagem aderida aos grãos, pelo processo mecânico usando desmucilador ou pelo processo natural através de tanque de degomagem com água. A casca é aproveitada na adubação e na alimentação animal, enquanto a mucilagem é descartada, junto com a água do processamento. A casca e a polpa do café contem carboidratos, gorduras, proteínas e minerais, podendo ser aproveitada na alimentação de ruminantes, substituindo parte dos alimentos volumosos necessários (BARCELOS & GONÇALVES, 2011). Segundo Southey (1919), a farinha da casca de café vem sendo usada como ingredientes na fabricação de vários produtos alimentares. A casca é comprada dos cafeicultores pela Coffee Cherry Co. e transformada em farinha rica em antioxidantes e fibras e sem glúten. O trabalho teve como objetivo determinar os teores de K, Ca Mg e Na no extrato mucilaginoso dos grãos e de proteína, carboidrato, gordura, fibra e minerais na farinha da casca de café.

 

MATERIAL E MÉTODOS

 

Foram utilizados frutos de café das variedades Oeiras e Catiguá, com casca de cor vermelha e amarela, respectivamente, produzidos na fazenda Boa Safra, situada no município de Paula Cândido - MG, e da variedade Catuaí Vermelho, produzidos em duas propriedades vizinhas, situadas no município de Araponga - MG. No dia em que foram colhidos, os frutos foram lavados com água tratada, por três vezes, removendo-se manualmente os que boiaram; em seguida, os frutos verdes foram catados e separados dos maduros, que foram descascados em descascador de café cereja, sem o uso de água.

Os grãos de café descascado foram colocados em bandeja de plástico com água destilada suficiente para recobri-los e, no dia seguinte, foram peneirados e separados da mistura constituída por água e mucilagem dos frutos, que neste trabalho denominou-se extrato mucilaginoso. O extrato mucilaginoso foi analisado no Laboratório da Analag Consultoria e Serviços, em Viçosa – MG, determinando-se os teores de K, Ca, Mg, Na e N, conforme metodologia preconizada em Standard Methods for Examination of Water and Wastewater (2005).

As cascas foram postas para secar, em estufa com ventilação forçada, à temperatura de 65 °C, durante 5 dias, após o que foi moída em micro moinho tipo Willye, TE 648. A farinha obtida foi analisada no Laboratório de Análise de Produtos Alimentícios do Departamento de Tecnologia de Alimentos da UFV, em Viçosa – MG, determinando-se o teor de carboidratos, gordura, proteína, fibra bruta e minerais, conforme métodos de análises físicas e químicas de alimentos do Instituto Adolfo Lutz (2008).

 

RESULTADOS E DISCUSSÃO

 

Os teores de K, Ca, Mg, Na e N determinados no extrato mucilaginoso dos grãos de café das variedades Oeiras, Catiguá e Catuaí Vermelho encontram-se na Tabela 1. Observa-se que o extrato contém elevados teores de K, Ca, Mg e Na, destacando-se o potássio na variedade Catiguá, e que os teores variam entre variedades e locais de cultivo. Os teores de K e Ca chegam a superar àqueles registrados na banana e no leite, por Aquino et al (2014) e Monteiro et al (2016), respectivamente. Além da presença de minerais, Camargo et al (2015) constataram a presença de proteínas, carboidratos, vitaminas, fibras, cafeína, ácido clorogênico e compostos fenólicos no extrato da casca de café robusta. Um extrato com esses componentes pode ser utilizado pela indústria para fabricação de diversos produtos como refrigerante, licor, repositor eletrolítico, energético e outros.

 

Tabela 1 – Teores de minerais, em mg.L-1, no extrato mucilaginoso dos frutos de café arábica de diferentes variedades.

Variedade

K

Ca

Mg

Na

Oeiras

662

179

60

19

Catiguá

3307

154

86

12

Catuaí vermelho a*

919

317

114

98

Catuaí vermelho b*

841

260

90

108

*Catuaí vermelho produzido em propriedades confrontantes, situadas no município de Araponga, Minas Gerais.

 

Os teores de proteína, carboidrato, fibra, gordura, potássio e sódio determinados na farinha da casca dos frutos encontram-se na Tabela 2. Os teores de proteína determinados na farinha da casca das variedades Oeiras e Catiguá, com 9 e 8 mg.100g-1, respectivamente, foram próximos daqueles obtidos por Barcelos & Gonçalves (2011) na casca das variedades Catuaí, Rubi e Mundo Novo.  Os teores de proteínas e lipídios foram semelhantes e o de fibras é muito maior que aqueles determinados na farinha de milho por Giacomelli et al (2012). A farinha da casca de café contém mais fibra que a farinha de trigo, mais antioxidante que a romã e mais potássio que a banana e pode ser usada em várias bebidas, na panificação e confeitaria (SOUTHEY, 1919).

Foram obtidos 3,8 e 3,6 L de extrato e 2,1 e 2,0 kg de farinha da casca a partir de 30 L de frutos da variedade Catuaí Vermelho cultivada em dois locais no município de Araponga. Esses resultados indicam que o processamento de 480 L de frutos, que é o volume estimado para se obter um saco de café, rende cerca de 59,2 L de extrato e 34,4 kg de farinha da casca,  que  poderiam  ser  aproveitados  pela indústria para produzir alimentos, bebidas, fármacos e cosméticos. Para

 

Tabela 2 – Teores de nutrientes e minerais, em g.100g-1, na farinha da casca de duas variedades de café arábica.

Variedade

Proteína

Carboidrato

Fibra

Gordura

Potássio

Sódio

Oeiras

9

65

19

1

2700

5

Catiguá

8

68

12

0,8

5150

9

 

que os produtos derivados do extrato e da farinha possam ser aceitos pelo consumidor, é preciso que o processamento dos frutos de café seja realizado em condições higienizadas, o que atualmente não acontece. A melhoria das condições e limpeza nas unidades de processamento vem sendo praticada por vários cafeicultores que produzem cafés especiais, sobretudo por aqueles que exportam o café, posto que seus clientes são exigentes quanto às condições de higiene. A higienização permitiria associar mais um diferencial ao produto, e, evidentemente, agregar valor ao “café higienizado”.  

 

CONCLUSÃO

 

O extrato mucilaginoso dos grãos e a farinha da casca de café contêm proteína, carboidrato, fibra e minerais e podem ser aproveitados pela indústria para fabricação de vários produtos.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

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BARCELOS, A. F.; GONÇALVES, C. C. de M. Uso da casca e da polpa de café na alimentação animal. In: REIS, P. R. CUNHA, R. L. da; CARVALHO, G. R. Café arábica: da pós-colheita ao consumo. Lavras: U. R. EPAMIG S. M., vol. 2, cap. 3, 2011, p. 97-168.

CAMARGO, G. A.; BONACCIO, B. B.; MIGUEL, A. M. de O.; SALVA, T. de J. G.; SOUZA, E. de C. G. Avaliação química e de componentes nutricionais do extrato aquoso desenvolvido a partir do resíduo do descascamento mecânico de café robusta. In: SIMPÓSIO DE PESQUISA DOS CAFÉS DO BRASIL, 9., 2015, Curitiba. Anais...Brasília: Embrapa Café, 2015.

APHA/AWWA/WEF. EATON, A.D. Standard methods for the examination of water and wastewater. 21ª ed. Washington: American Public Health Association, 2005. 1082 p.

GIACOMELLI, D.; MONEGO, B.; DELAGUSTIN, M. G.; BORBA, M. M.; RICALDE, S. R.; FACCO, E.M. P.; SIVIERO, J. Composição nutricional das farinhas de milho e da polenta. Alim. Nutr., Araraquara, v. 23, n. 3, p. 415-420, jul./set. 2012.

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MONTEIRO, A. L.; MONTALVÃO, T. F.; RESENDE, E. C. Determinação de cálcio em leite e derivados comercializados na cidade de Iporá por volumetria de complexação. In: CONGRESSO ESTADUAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLOGIA DO IF GOIANO. Anais…, Iporá: IF Goiano, 2016.

SOUTHEY, F. Upcycling coffe cherries for food: ‘every major chocolate company is looking at this’, 20 may 2019. Disponìvel em: < http://www.foodnavigator.com/Article/2019/05/20/ Upcycling-coffee-cherries-for-food-Every-major-chocolate-company-is-looking-at-this>. Acesso em 10 de julho de 2019.


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